Quero hoje refletir com vocês, meus amigos, sobre o
jovem rico.
A Bíblia não diz o seu nome, e nem dá outros
detalhes que nos ajudem a melhor identificar este rapaz. Porém, podemos ver que
ele era uma pessoa profundamente religiosa, e que se orgulhava de ser um fiel
cumpridor das regras e determinações ensinadas pelos rabinos de seu tempo.
Ao se defrontar com Jesus, este jovem ouve dEle
alguma coisa que, provavelmente, não estava em seus planos escutar naquela
ocasião: "Só uma coisa te falta: venda tudo que você tem e dê aos
pobres".
O restante da história você já conhece... Ele saiu
triste, e nunca mais voltou!
Religião = Cumprir Regras ?
Parece que o mesmo sentimento de convicção pessoal
da religiosidade, que estava presente na vida do jovem rico, se manifesta
também hoje na experiência de muitos cristãos, inclusive Adventistas do 7º Dia.
Estas pessoas imaginam que a religião se resume
apenas a cumprir regras, seguir determinações e realizar tarefas que contem
pontos lá no Céu.
E qual o problema em procurar ter uma vida correta
e fiel às orientações bíblicas? Nenhum!
O erro está em fazer disso o principal, e esquecer
que o primeiro passo para um Cristianismo verdadeiro e duradouro é buscar
conhecer a Pessoa de Jesus, e fazer dEle o nosso amparo e modelo (você já leu o
livro "Conhecer Jesus é Tudo", do Pr. Bullón? Se não, então faça isso
o quanto antes. Já será um bom começo para se desvencilhar do legalismo).
Cumprir os mandamentos do Senhor é de vital importância, mas isso é um
"resultado" da salvação, e não um "meio" para se
alcançá-la.
O religioso faz coisas boas para ser aceito por
Deus; o cristão autêntico o faz porque tem a certeza de que já foi aceito.
O religioso perdoa aos outros para também ser
perdoado por Deus; o cristão autêntico segue o exemplo de Jesus, e perdoa por
amor.
O religioso escolhe um ponto da doutrina sobre o
qual se torna "especialista" (reforma de saúde, vestuário, dízimos,
apocalipse, doutrinas, etc.); o cristão autêntico vive a religião de forma
plena e sem extremismos.
O religioso normalmente leva vida dupla: uma em
casa/trabalho e outra na igreja; o cristão autêntico não muda de postura quando
está longe dos "irmãos" - ele é coerente com sua fé.
O religioso tem dificuldade de trazer ou manter sua
família na igreja (devido ao item acima); o cristão autêntico tem a alegria de
ver seus parentes aceitando a fé (pois dá um testemunho sincero onde quer que
esteja).
O religioso é implacável com os irmãos que erram,
pois está sempre disposto a "cumprir o Manual"; o cristão autêntico
reconhece as próprias debilidades e nunca está no grupo dos que querem
"atirar as pedras" (ele perdoa SETENTA VEZES SETE VEZES).
O religioso vem para a igreja, mas fica
conversando, e não presta muita atenção aos sermões; o cristão autêntico vem
para ouvir a voz de Deus e adorá-Lo, e sempre é tocado pelo Espírito do Senhor
na hora da pregação.
O religioso nunca tem tempo para dedicar à pregação
do Evangelho Eterno; o cristão autêntico faz disso uma prioridade em sua vida,
pois quer ver muitas pessoas tendo a mesma alegria da salvação que ele tem.
Assim como no caso do jovem rico, falta alguma
coisa na vida dos religiosos de nossa época. E tenho visto que, na maioria dos
casos, o que está faltando é a compreensão verdadeira do que seja ser um
"seguidor de Jesus".
Guardar regras e mandamentos todos conseguem,
principalmente quando escolhemos uma área para nos "especializarmos"
(como mencionei acima). O difícil é não deixar que o legalismo tome conta da
vida, e nos transforme em "fariseus modernos", sempre dispostos a
cumprir regras e preceitos, mas sem dar muita importância para o AMOR com que
devemos fazer estas coisas.
Lembra-se de como Jesus agrupou os 10 mandamentos?
1. Amar a Deus acima de tudo (de tudo!)
2. E amar ao nosso irmão e à nossa irmã como a nós
mesmos (como a nós mesmos!)
O jovem rico não amava a Deus acima de tudo - amava
suas riquezas, e não tinha amor pelas pessoas que padeciam.
Veja que irônico!
Ele se orgulhava de cumprir tudo certinho desde que
era criança, mas na verdade NUNCA havia feito a coisa da maneira certa...
faltava uma coisa!
Não permitamos que o legalismo tome conta de nossa
vida de tal forma que não consigamos ver a beleza da salvação em Cristo, e a
alegria de saber que não seremos condenados pelos pecados que Deus já perdoou,
pois Jesus pagou a conta pelos erros do nosso "velho homem".
E se voltarmos a nos abater e formos vencidos pelas
armadilhas do Mal, a Bíblia é clara e incisiva ao dizer que temos um Advogado
junto ao Pai... Jesus Cristo, o justo.
Gil Medeiros