sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O Caráter de Deus e o Sofrimento Humano

Ainda está em nossa mente aquela tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria-RS, em que foram ceifadas prematuramente dezenas de vidas – a maioria de jovens. Como acontece sempre nestas ocasiões, as pessoas mostram-se pródigas em críticas à religião e, acima de tudo, em blasfêmias e leviandades contra “o deus (é assim mesmo que eles escrevem...) dos cristãos”.

Seria até engraçado – se não fosse estúpido, ilógico, trágico, cruel e desumano – ler as pesadas críticas que os “ateus” (sim, até eles...) fazem a Deus. A parte hilária da questão é a seguinte: Se Deus não existe, como, então, estes indivíduos (que crêem que Deus não existe) atribuem a Ele a morte de tantos jovens – pessoas, como se diz: “Na flor da idade”?

Abrindo um parêntesis, isso me faz lembrar, e parodiar, um dos famosos bordões do genial Chico Anízio, do personagem Bento Carneiro em tom de deboche: “Ateu brasileiro!”

Voltando ao sério (e a questão é séria e solene), embora isso não seja comum em todos aqueles que se dizem “ateus” (como afirmou o pensador Luis Buñuel: “Sou ateu graças a Deus!”) e nem tampouco uma característica peculiar aos “ateus” brasileiros, é bastante incômodo para nós, cristãos, ver o nome de Deus ser achincalhado assim – de forma injusta, cruel e insana!

Como afirma o teólogo e escritor Dr. Russel P. Shedd: “O ateísmo sempre me pareceu uma postura sumamente arrogante, uma escolha interesseira para escapar às responsabilidades devidas ao Criador e as suas criaturas”. Não é à toa que o escritor italiano Giovani Papine dizia: “O primeiro ateu deve ter sido um delinqüente que procurava, negando a Deus, livrar-se da única testemunha da qual ele não podia ocultar seu crime”.

Em seu livro A Existência de Deus e dos Ateus, o Pastor Laércio Pereira questiona a fragilidade da argumentação ateísta: “Ora, o que diriam de mim se eu saísse falando para um astrônomo que não existe céu, ou para um marinheiro que não existe mar, ou ainda para um engenheiro que não existe projeto? Diriam que eu estou louco. Assim eu vejo o ateu: um louco dizendo que inexiste e que, a existência, seria aberrantemente impossível. Quando o ateu declara a morte de Deus, quem deixa de existir é ele mesmo. É ele quem desce ao hades, é ele quem fede, é ele quem vive feito uma caveira sem o corpo da lógica para expressar-se nesse mundo lógico”. – A Existência de Deus e dos Ateus, pág. 16. 

Como lembra o escritor Jefferson Magno Costa, é interessante que o próprio escritor Comunista francês Anatole France, após concluir ser absurdo tentar explicar a existência do mundo como produto do acaso, comentou certa vez: “Acaso é, talvez, o pseudônimo de Deus quando não desejava assinar o nome”. – Jefferson Magno Costa, Provas da Existência de Deus, pág. 57.

Voltando ao cerne da questão – a existência e o caráter de Deus face ao sofrimento humano – o que pudemos ver nos comentários insanos sobre a tragédia de Santa Maria (vejam o artigo do colunista Roberto Passos sobre este assunto) é que, muitas vezes, nem os próprios cristãos – evangélicos ou católicos – escapam, nestas ocasiões, de formular conceitos e frases que só obscurecem e denigrem ainda mais o caráter divino – como Deus é.

Em seu livro, Magno Costa mostra como isso é possível. O escritor Jean Claude Barreau conta uma experiência vivida por ele no período em que negar a existência de Deus era moda na França, em decorrência da filosofia existencialista: “Naquela época estavam representando no teatro a peça ‘O Diabo e Bom Deus’, de Jean Paul Sartre, peça que causava horror aos meus companheiros de fé. Fui assisti-la e ela nem me atingiu. Era Baal, era Moloc que Sartre denunciava. Não era meu Deus. Eu abominava o deus de Goetz (um dos personagens da peça) tanto quanto Sartre.”

E é Jean Claude que nos fornece a frase ideal para ser usada como resposta a esses ateus equivocados: “Isto que você recusa eu também não aceito, porque nada tem a ver com o Deus dos Evangelhos”. “Um dia o semblante do Deus dos Evangelhos me fascinou. E este semblante que vi é bem distinto das idéias de Deus que muitas pessoas têm em mente. Este retrato de Deus vai muito das definições dogmáticas”. – Jefferson Magno Costa, Provas da Existência de Deus, pág. 56.

Como é Deus?
Como disse antes, face ao sofrimento humano e às crises e incertezas da vida a idéia que muitos cristãos têm de Deus não é em nada superior àquela deturpada e errônea de um Deus hostil, sanguinário, indiferente e insensível apregoado pelos ímpios e agnósticos!

Um dos maiores nomes do Rock nos anos 70 e 80, o cantor Alice Cooper deu uma entrevista a uma revista dizendo que se converteu ao cristianismo. Cooper disse que se tornou um cristão “inicialmente mais por medo de Deus do que por amor a Ele”. “Eu não queria ir para o inferno”, afirma o cantor.

Faz alguns anos, a Dra. Marilda Lippy fez uma pesquisa com crianças e descobriu que um percentual altíssimo delas tinha medo de Deus. Não tenho dúvidas em afirmar, hoje, que se essa pesquisa fosse feita entre os adultos, mesmo entre cristãos, os números daqueles que têm medo de Deus seriam bem grandes.

A Bíblia afirmou dezenas de séculos antes das descobertas da moderna psicologia, como as nossas crenças moldam a nossa mente e determinam a nossa vida: “Porque, como imagina em sua alma, assim ele é” (Provérbios 23:7).

Uma vez que a idéia que temos de Deus é que molda e determina o tipo de religião que adotamos e o tipo de cristãos que somos, é importante cada um de nós fazer para si mesmo esta pergunta: Qual a idéia que tenho de Deus em minha mente? Em outras palavras, qual o tamanho e o caráter do Deus em quem eu creio?

Infelizmente, a idéia de Deus que prevalece mesmo entre muitos cristãos é a de um ser arbitrário, juiz vingativo e cruel, alguém de sentimentos volúveis e instáveis – que fica irado por qualquer coisa e despeja raios e maldições sobre as Suas criaturas.

Como sabemos, toda esta ignorância acerca de Deus, as idéias erradas que circulam por aí maculando o Seu caráter, vem do grande inimigo de Deus: Satanás. Ele odeia Deus, Pai, e todo o Plano da Salvação! Ele odeia Deus, Espírito Santo, o Consolador, Amigo, Aquele que nos dá poder para vencer todas as provas e artimanhas de Satanás; Aquele que nos habilita a pregar o Evangelho com poder!

Ele odeia Jesus, Deus Filho, que o derrotou no deserto e venceu todas as suas tentações, esmagou a cabeça da serpente na cruz (Gênesis 3:15), derrotando-o completamente; venceu a morte, subiu ao Céu e está à direita do Pai intercedendo por nós!

Como ele não pode fazer NADA contra a Trindade Divina [Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo], tenta se vingar levando à destruição as Suas criaturas, os filhos de Deus. Com esse intento, usa as suas melhores estratégias; a principal delas é a mentira. No entanto, Jesus já o desmascarou, dizendo: “Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (João 8:44).

A mentira principal de Satanás é sobre o caráter de Deus [como Deus é]. Ele procura difamar, destruir a reputação do Pai diante dos filhos. Desta forma, ele quer nos manter o mais distante possível de Deus – mesmo que estejamos seguindo uma religião e dentro de uma Igreja cristã; no entanto, alienados do caráter divino: fora de um relacionamento de amor com Deus. 

Comentando esta grande estratégia de Satanás, o escritor Dick Win afirma: “Nossa alienação de Deus está nos causando incalculável sofrimento. Estamos sedentos, Ele é a Água da vida. Estamos famintos, Ele é o Pão. Estamos enfermos, Ele é o Grande Médico. Entretanto, um mentiroso muito convincente, Satanás, nos tem levado a desconfiar do nosso maravilhoso Deus, fazendo afirmações sobre Ele que são muito ilusórias e completamente equivocadas. Ele diz que quando pecamos Deus fica irado. Que se não nos corrigirmos, Deus nos eliminará. (E também virará as costas!) para nós”.

A Bíblia nos adverte a ficarmos alerta contra estas estratégias satânicas: “Para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios” (II Cor. 2:11). O Dr. David Seamands, um famoso psicólogo e escritor, qualifica esse conjunto de enganos satânicos como “A Mais Mortífera Arma de Satanás” e afirma:

“Algumas das armas mais fortes do arsenal de Satanás são de natureza psicológica. O medo é uma delas. A dúvida é outra. Outras são raiva, hostilidade, preocupação e, naturalmente, o senso de culpa. O constante sentimento de culpa é muito difícil de ser removido; ele parece permanente em nós mesmo depois que nos convertemos e suplicamos o perdão de Deus e aceitamos Sua graça.

“Muitos cristãos parecem ter um sentimento de autocondenação suspenso sobre a cabeça, como uma densa névoa de poluição. Assim estão sendo derrotados pela mais poderosa arma psicológica que Satanás usa contra os cristãos. Essa arma tem a eficácia de um míssil mortal. O nome dela? Auto-imagem negativa”.

Neste caso, uma coisa alimenta a outra: O medo de Deus pode levar ao desenvolvimento de uma auto-imagem negativa [como digo em palestras, “O indivíduo acha que vale menos do que o pó do micróbio da pata do cavalo do bandido!”]; uma auto-imagem negativa estará sempre alimentando uma idéia negativa – medo – de Deus.

O Medo de Deus revela uma espiritualidade doentia [uma religião de dúvidas acerca do perdão de Deus e constante fraqueza: É como se fosse um tipo de anemia espiritual] e isso provoca em nós uma séria de prejuízos espirituais.

Alguns dos Prejuízos Causados Pelo Medo de Deus:

a) Religião da fuga: “E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a Tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi” (Gênesis 3:9-10).

O indivíduo está sempre se escondendo de Deus; e isso pode acontecer através de coisas negativas (pecados), como, também, pode ser através de muitas coisas em si mesmas boas: Muito trabalho e correria; até mesmo muitas atividades na Igreja. Às vezes, trabalha-se tanto na Igreja de Deus que não se tem tempo para o Deus da Igreja. Em outras palavras, a pessoa se contenta com uma dose de religião suficiente para manter Deus afastado dela. 

b) Religião meramente de leis e regulamentos: É muita regra e pouca ou nenhuma comunhão! É como vivia o irmão do filho pródigo: “Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos” (Lucas 15:29). Um infeliz, sofredor! Era filho, mas vivia e trabalhava como se fosse um mero empregado! É aquele crente lazarento (católico, batista, assembleiano, presbiteriano, adventista, etc.) que foi tirado do “Egito” (cativeiro do Pecado), mas que ainda não entrou em “Canaã”; portanto, continua ainda vivendo na aridez espiritual do “Deserto”. Vive uma vida sofrida, miserável, de penúria e sequidão espiritual quando poderia estar desfrutando da abundância e riqueza que há em Canaã – símbolos da plenitude em Cristo (Colossenses 1:17 e 2:2-3).    

c) Conhecimento superficial de Deus: “Eu Te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos Te vêem” (Jó 42:5). É a religião de superfície: o indivíduo se contenta em apenas vir aos cultos aos sábados e ter o nome num livro de Igreja. Não possui vida devocional nenhuma, não tem comunhão diária com Deus.

d) Religião de exageros, tristeza e sequidão: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!” (Mateus 23:15). É o outro extremo: São pessoas que estão sempre inquietas e buscando grandes “revelações”...

Essas pessoas muitas vezes, escolhem uma ou outra área da vida cristã e passam a ser extremamente severas em cobrar dos outros, enquanto são frouxas e transgressoras em várias outras questões tão ou mais importantes...
      
e) Religião que mina o potencial humano e paralisa o indivíduo: “Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, receoso [com medo], escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu” (Mateus 25:24-25).

A nossa cura espiritual completa e o desejo intenso, vibrante e natural de falar de Jesus só acontece quando nós temos uma compreensão clara do amor de Deus – quando nós nos sentimos totalmente aceitos, perdoados e amados na Pessoa de Jesus: “Restitui-me a alegria da Tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário. Então [conseqüência natural, resultado imediato:], ensinarei aos transgressores os Teus caminhos, e os pecadores se converterão a Ti” (Salmo 51:12-13).  

João Bunyan, autor de “O Peregrino”, o livro mais vendido no mundo depois da Bíblia, experimentou toda a paralisia causada pelo pecado e senso de culpa. Acontece que, quando ele abriu a Bíblia em Cantares e viu ali manifesto o amor de Jesus por ele e por sua alma atribulada, houve uma explosão de alegria tão grande e o desejo de pregar o Evangelho era tão forte que ele queria falar do amor de Deus até para os corvos que pousavam nas plantações diante dos seus olhos!

O Deus Que Eu Conheço
Amigos, falo por experiência própria: Quem algum dia teve um encontro com “o Deus dos Evangelhos”, quem contemplou a sua face de amor repleta de perdão mesmo face à rebeldia humana, desprezo e traição (Mateus 26:75; Lucas 22:54-62), com certeza jamais o esquecerá!

É o que nos mostra o escritor Joseph M. Stowell em seu pequeno/grandioso livro intitulado SIMPLESMENTE JESUS. Nos anos 1950 e 1960, não havia praticamente nenhum lar evangélico que não estivesse familiarizado com o nome de Templeton. Ele pastoreava uma das principais igrejas de Toronto e – juntamente com seu amigo Billy Graham – fora um dos fundadores da missão Mocidade Para Cristo, no Canadá. A habilidade extraordinária com que ele comunicava a Palavra de Deus resultava em numerosos convites de diferentes púlpitos da América do Norte.

“Todavia, não me lembro dele por causa de seu talento incomum, e sim por sua renúncia à fé”, afirma Stowell. A igreja evangélica ficou profundamente abalada com a notícia de que Charles Templeton havia deixado sua igreja e renunciado a tudo o que antes havia abraçado e proclamado.

O ex-pregador havia conquistado fama e fortuna. Comandava dois dos jornais mais importantes do Canadá e galgava postos cada vez mais influentes na mídia canadense, tendo inclusive se candidatado ao cargo de primeiro-ministro do Canadá.

Joseph Stowell conta que o jornalista e escritor Lee Strobel, depois de ler o livro mais recente de Templeton (Despedindo-me de Deus: Minhas razões para rejeitar a fé cristã), foi até a cidade de Toronto, no Canadá, para encontrar-se com Templeton e o entrevistá-lo.

Embora estivesse com 83 anos e com a saúde precária, o ex-pregador defendeu com veemência seu agnosticismo em face de um Deus que se dizia amoroso e que, no entanto, permitia que o sofrimento se alastrasse impune pelo mundo.

Já quase no final da entrevista, Strobel perguntou a Templeton, de modo muito objetivo, o que ele achava de Jesus. No mesmo instante, aquele homem idoso comoveu-se. Ele falou de Jesus com muita reverência. Disse que em sua opinião, “Ele (Jesus) foi o ser humano mais importante que já existiu”.

Depois, como começasse a lhe faltar a voz, disse hesitante:
- Sinto... falta... dele!”

“Com isso”, escreve Strobel, “seus olhos se encheram de lágrimas e ele chorou convulsivamente”. – SIMPLESMENTE JESUS, pp. 17-18.

Pouco antes de relatar esta entrevista em seu livro, o escritor Joseph Stowell fala de outra entrevista que ele mesmo fez com Billy Graham:

O jantar já chegara praticamente ao fim, quando decidi fazer a Billy Graham uma pergunta que guardara comigo durante toda aquela noite. [...] Querendo saber quais tinham sido as maiores alegrias de sua vida, perguntei-lhe:

- De todas as suas experiências no ministério, qual delas lhe deu maior satisfação?

Depois, achando que devia ajudá-lo um pouco, emendei prontamente:

- Teriam sido aqueles momentos em que o Senhor passou na companhia de presidentes e de chefes de Estado? Ou será que...

Antes que eu dissesse a frase seguinte, Billy passou a mão pela toalha da mesa, como se, com aquele movimento, estivesse lançando ao chão a sugestão que eu acabara de propor.

- Nada disso –, disse ele. – A maior alegria da minha vida é a comunhão que sempre tive com Jesus. Ouvi-lo falar comigo, ser guiado por Ele, sentir em mim a sua presença e seu poder através de mim. Esse foi sempre o maior prazer da minha vida! – Idem, pp. 15-16.

Comparando as duas entrevistas, Joseph Stowell afirma: “Pense nisso. Billy Graham e Chuck (Charles) Templeton, dois amigos que optaram por caminhos de vida radicalmente opostos. Agora, ao aproximar-se o fim de seus dias, um deles declara que Jesus foi o bem mais preciso que jamais teve, ao passo que o outro chora por tê-lo abandonado anos atrás”.

O que pensais de Jesus?

Segundo as palavras de Paulo, existe algo natural e inapelável que acontece na vida de todos aqueles que verdadeiramente conhecem a Jesus: Depois de Conhecer a Jesus Tudo o Mais Perde a Importância, passa a ser secundário – periférico, quando não completamente insignificante!

Descrevendo sua própria experiência, Paulo afirma: “Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da Igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo [...]” (Filipenses 3:4-8).

Tal qual o negociante de pérolas, da parábola contada por Jesus em Mateus 13:45-46, Paulo, ao encontrar-se com Jesus, abre mão de tudo aquilo que antes ele julgava importante e que, no entanto, poderia impedi-lo de ganhar a Cristo, desfrutar a salvação.

Vejam com que paixão ele escreve! É como se ele estivesse dizendo, hoje, para mim e para você: “Reúna todos os seus títulos acadêmicos e honras sociais; pegue todos seus passatempos que matam a vida espiritual (TV, Internet, Jogos de Computador, Videogames, Novelas); junte todos os hábitos nocivos (vício pelo futebol, bebidas, cigarro, filmes e avareza: Apego doentio ao dinheiro) e jogue tudo fora; jogue no lixo! Porque eles nada significam, comparados com a excelência de Jesus e com a possibilidade de conhecê-lO cada dia mais!”        

Estes dias, durante o maior evento de inovação tecnológica, Internet e entretenimento eletrônico em rede do mundo, Buzz Aldrin, companheiro de Armstrong e Michael Collins na missão Apollo 11, de 1969, e o segundo homem a pisar no satélite natural da Terra, afirmou o seguinte: “O mais difícil depois de chegar à Lua era voltar para a Terra. Eu tinha alcançado o pico da minha carreira”. [G1 29/01/2013]

A escritora Ellen White, depois de ser levada em visão à contemplação das maravilhas do Céu, escreveu algo parecido: “[...] Algumas vezes penso que não mais posso permanecer aqui; todas as coisas da Terra parecem demasiado áridas. Sinto-me muito solitária aqui, pois vi uma terra melhor. [...] Depois que voltei da visão, todas as coisas pareciam mudadas; uma tristeza se espalhava sobre tudo que eu contemplava. Oh! Quão escuro pareceu-me este mundo! Chorei quando me encontrei aqui, e senti saudades. Eu tinha visto um mundo melhor, e o atual perdeu o seu valor”. – Primeiros Escritos, pág. 20.

Procuramos satisfazer o nosso anseio de algo melhor, buscando algo diferente e, por ironia, acabamos sempre conseguindo apenas um pouco mais do “mesmo”; ou, como se diz: “Trocando seis por meia dúzia!”. Você pode ver isso na história da mulher samaritana. Ela procurou satisfazer o seu anseio nas múltiplas relações humanas (é o que milhões de pessoas fazem hoje nas redes sociais). Mas, apesar de suas diferentes tentativas de obter realização pessoal, ser feliz, o seu desejo jamais foi satisfeito!

Jesus disse para ela: "Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede [...] (João 4:13-14).

Aquela mulher desiludida e derrotada pelo pecado serviu de símbolo para a raça humana inteira. Ela é uma representação – um símbolo vivo das nossas lutas, frustrações, debilidades e fracassos. Como afirmou Billy Graham, “Os anseios dela são os nossos anseios! O fracasso dela é o nosso fracasso! O grito do coração dela é o grito do nosso coração! A desilusão dela é a nossa desilusão! O pecado dela é o nosso pecado! Mas, a maravilha das maravilhas é que o Salvador dela pode ser, também, o nosso Salvador! O perdão que ela recebeu pode ser o nosso perdão! E a alegria que ela encontrou em Jesus pode ser a nossa alegria!”

É Jesus mesmo quem assegura: “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna” (João 4:14). Pense nisso! “O Espírito e a noiva (Igreja) dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a Água da Vida” (Apocalipse 22:17).



- Elizeu C. Lira, jornalista, pastor, escritor e mestrando em Comunicação Social – um dos criadores do portal IASD Em Foco.