quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A ética da vida inclui a morte…

A vida é como uma neblina!
A morte prematura de Eduardo Campos, candidato à presidência do País, claro, enseja a reflexão sobre a ética da existência. Inevitável, à luz da Bíblia, referir o texto de Tiago 4:13-15: “Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isso ou aquilo”.

O que o texto, a meu juízo, enseja, é o dever humano de considerar planos, projetos, agendas e sonhos à luz da brevidade de uma existência limitada pela chaga do pecado. Sem essa compreensão, fica capenga qualquer análise de direito à vida, sonhos, planos e projetos… A ética da vida inclui a morte desde que o livre-arbítrio concedeu ao homem o direito de desviar-se do plano original de Deus. E Deus, como só Ele, cavalheiro e respeitador, não força ninguém a considerá-lo companheiro, ajudador e parceiro na vida… É por isso que, no máximo, podemos atribuir-Lhe o ônus da permissão, jamais o de causador da morte como um deus arbitrário que julga adequado ceifar este ou aquele em tempo ou fora de tempo e sem levar em conta seus planos, sonhos, projetos ou agendas… E, ademais, Ele mesmo sujeitou o fim desse drama existencial à sua morte! Na cruz, morrendo, Cristo venceu a morte! Em tempo: essa é uma promissória! Cumpre-nos resgatá-la no fim, sob pena de perdermos o lugar na vida eterna, aquela que começa com o seu retorno por aqui…

Campos morreu… E o que dirão os seus? Ficarão resignados diante da impotência face à morte? Culparão a Deus por permitir a morte dizendo, como é costume de alguns: “Deus quis!” Eu preferi, não por escape ou inapetência lógico-racional, resignar-me ao meu limite existencial. E, com isso, entender que o que foge à minha compreensão tem e terá em Deus uma explicação. Como jornalista, confio na possibilidade real de ter um tempo irrestrito com Deus para uma “exclusiva” com Ele. Nela, vou perguntar tudo o que me inquieta por aqui… Mas, para perguntar, preciso crer que a morte, ainda que trágica, não me separa do plano original de Deus, se com Ele estiver conectado, praticando Sua Palavra… Para esses, a morte não é fim!

Por fim, creio que o sonho da sociedade igualitária não vingará por essas bandas sem que o pecado seja erradicado por Jesus, em sua breve vinda a essa Terra. O que, assim como Campos, não me exime da responsabilidade de, como diz a Bíblia, fazer tudo que me vier às mãos conforme minhas forças. Por que não foi permitido a Eduardo Campos seguir nesse sonho? Sincera e honestamente: não sei… E capitulo consciente, resignada e humildemente porque sou criatura, não Criador… O que sei é que, minha agenda social e cívica, importante e integrante de minha existência, nunca será maior do que minha agenda eterna porque aspiro ser cidadão da pátria celestial! Sonho com o dia em que Deus mesmo estará conosco, enxugando de nossos olhos toda a lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram…

Carlos Henrique Nunes. Formado em Teologia, pastor distrital na ASR. Jornalista profissional, formado pela Unisinos, há 19 anos. Repórter nos jornais Diário Gaúcho e Zero Hora. Professor Universitário no curso de Jornalismo do Unasp-EC.


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