Atualmente, a mídia popular e o mundo acadêmico dão atenção especial a
Jesus. Filmes, documentários para televisão, revistas, artigos de jornais
têm-se tornado veículos de debate e de divulgação de assuntos relacionados a
Jesus, como Sua paixão, Sua tumba e Sua família. Infelizmente, muitos desses
esforços para compreendê-Lo foram amplamente realizados por mero interesse
acadêmico ou pela curiosidade popular, sob o ponto de vista cético.
Para os adventistas do sétimo dia, porém, Jesus não é um mero objeto de
pesquisa acadêmica ou de simples curiosidade. Com efeito, Ele está no centro da
mensagem adventista, com Sua obra para resgatar a criação caída. Não é de
admirar que uma de nossas crenças fundamentais trate da vida, morte e
ressurreição de Cristo.
Desfazendo o Estrago
Na realidade, a vida, morte e ressurreição de Jesus são três dimensões
interligadas da obra de nosso Salvador e do plano da salvação. Ao vir a este
mundo e trilhar o caminho antes trilhado por Seus antepassados, Cristo viveu
uma vida de perfeita obediência à lei de Deus, demonstrando em Seus
relacionamentos e atitudes para com as pessoas o perfeito e infinito amor do
Pai (Hb 4:15). O Senhor desfez no deserto o que Adão e Eva haviam feito no
Jardim do Éden. Apesar de ter sido tentado por Satanás, após 40 dias de jejum,
Jesus permaneceu fiel e leal à Palavra de Deus (Mt 4:1-11; Mc 1:12, 13; Lc
4:1-13). Ao personificar o novo Israel, Cristo também obteve vitória, onde
Israel havia falhado (note Sua resposta a Satanás, ao citar a passagem de Deuteronômio
a respeito da infidelidade de Israel no deserto).
Isso não são apenas reflexões teológicas; são boas novas! A vitória de
Cristo e Sua vida de perfeita obediência são creditadas a favor daqueles que O
aceitam como Salvador (Rm 5:19; Hb 5:6-10).
Ellen G. White afirma que “A obediência dinâmica de Cristo cobre o
crente pecador com a justiça exigida pela lei.”1 Assim, a perfeita obediência
oferecida por Cristo em Sua jornada terrestre foi tão essencial para o plano da
salvação, como foi Sua morte na cruz e Sua ressurreição ao terceiro dia.
Antes e acima de tudo, Cristo é nosso Salvador (uma vez que Sua vida é
imputada ao pecador pelo ato da justificação). Não devemos negligenciar o fato
de que a vida de obediência de Cristo se torna um exemplo a ser seguido (veja
1Co 11:1; Ef 5:1, 2; Fp 2:5-8). Assim sendo, seguir Seu exemplo torna-se a
maior evidência de nossa salvação e avanço em direção à santificação.
Significado da Cruz
A vida de perfeita obediência ao Pai capacitou Jesus a oferecer-Se
como o Cordeiro de Deus, sem pecado, que veio para tirar o pecado do mundo. Seu
sacrifício no Calvário resultou na expiação substitutiva e reconciliação com
Deus, em nosso favor (Gl 3:13; Rm 5:9). A cruz tornou-se, diante de todo o
Universo, a suprema expressão da infinita sabedoria, amor e perdão de Deus.
Como Martinho Lutero expressou tão bem: “Ele fez de Sua justiça a
minha justiça e do meu pecado o Seu pecado. Se Ele assumiu o meu pecado como
sendo Seu, e este já não é mais meu, estou livre. Se Ele fez da Sua justiça a
minha justiça, agora sou justo como Ele é. Meu pecado não pode devorá-Lo, pois
é tragado pela insondável profundidade da Sua justiça, uma vez que Ele mesmo é
Deus e santo para sempre.”2
A morte de Cristo na cruz é mais do que um evento histórico do
passado. O que Paulo disse sobre Cristo é significativo, não do Jesus que foi
crucificado, mas de Jesus, O crucificado: “Nós pregamos a Cristo crucificado,
que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos, mas para os que foram
chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus, e
sabedoria de Deus” (1Co 1:23, 24).
João, o revelador, olhou “e eis que estava no meio do trono e dos
quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido
morto” (Ap 5:6). Os persistentes efeitos da morte de Cristo na cruz não
fornecem apenas aceitação e perdão para os pecadores arrependidos, mas também
afetam, positivamente, toda a raça humana. De acordo com Ellen White, “mesmo
esta vida terrestre devemos à morte de Cristo. O pão que comemos é o preço de
Seu corpo quebrantado. A água que bebemos é comparada com Seu derramado sangue.
Nunca alguém, seja santo ou pecador, toma seu alimento diário, que não seja
nutrido pelo corpo e pelo sangue de Cristo. A cruz do Calvário acha-se estampada
em cada pão. Reflete-se em toda fonte de água.”
Vida, Morte e Ressurreição de Cristo
Na vida de Cristo, de perfeita obediência à vontade do Pai, e em Seu
sofrimento, morte e ressurreição, Deus proveu o único meio de expiação dos
pecados dos homens, de modo que os que aceitam essa expiação pela fé possam ter
vida eterna, e toda a criação compreenda melhor o infinito e santo amor do
Criador. Essa expiação perfeita vindica a justiça da lei de Deus e a
benignidade de Seu caráter; pois ela não somente condena o nosso pecado, mas
também garante nosso perdão. A morte de Cristo é substituinte e expiatória,
reconciliadora e transformadora. A ressurreição de Cristo proclama a vitória de
Deus sobre as forças do mal, e assegura a vitória final sobre o pecado e a
morte para os que aceitam a expiação. Ela declara a soberania de Jesus Cristo,
diante do qual se dobrará todo joelho, no Céu a na Terra. (Jo 3:16; Is 53; 1Pe
2:21, 22; 1Co 15:3, 4, 20-22; 2Co 5:14, 15, 19-21; Rm 1:4; 3:25; 4:25; 8:3, 4;
1Jo 2:2; 4:10; Cl 2:15; Fp 2:6-11.)
Sua Ressurreição é Fundamental
Tão importante e indispensável quanto possa ser a morte de Cristo, não
teria cumprido seu propósito sem o evento histórico da ressurreição.
“A ressurreição de Cristo dentre os mortos foi o selo do Pai na missão
de Cristo. Foi uma expressão pública de Sua completa satisfação por Sua obra
expiatória. Ele aceitou o sacrifício de Jesus em nosso favor. Foi tudo o que
Deus exigia de perfeito e completo.”4 O fato de Jesus ressuscitar corporalmente
dentre os mortos, não apenas legitimou e validou Sua morte, mas também
justificou Suas afirmações relativas à Sua natureza e missão, enquanto esteve
na Terra.
Por meio da ressurreição, Jesus venceu a morte, derrotou as forças do
mal e obteve justiça por nós (Rm 4:24). Sua ressurreição tornou-se uma promessa
de nossa futura imortalidade (1Co 15), a força motriz para caminharmos “em
novidade de vida” (Rm 6:4) e a prova de um futuro julgamento (At 17:31).
A ressurreição é tão importante que o apóstolo Paulo deposita sobre
ela toda a integridade da mensagem cristã ao afirmar que “se Cristo não
ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé”(1Co 15:14).
Assim, como diz Raoul Dederen: “Nossa pregação, nossa fé e nossa salvação não
têm valor sem a ressurreição de Cristo. Nela temos a promessa da consumação do
plano redentor de Deus.”5
Em resumo, a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo são três
dimensões harmoniosas, interconectadas e inseparáveis da obra e plano de
redenção de nosso Salvador, como Senhor, Redentor e Sumo Sacerdote. Ao viver
uma vida perfeita, Jesus foi qualificado para ser Senhor para os crentes. Por
Sua morte substitutiva na cruz, Ele cumpriu os tipos precursores do livro de
Hebreus e tornou-Se nosso Redentor. Ao terceiro dia, ressuscitou dentre os
mortos e ascendeu ao Céu, onde agora intercede a nosso favor, como Sumo Sacerdote,
no santuário celestial.
1 Filhos e Filhas de Deus, p. 240.
2 Luther’s Works, vol. 25: Lectures
on Romans, ed. Jaroslav Jan Pelikan, Hilton C. Oswald, and Helmut T. Lehmann
(Saint Louis: Concordia Publishing House, 1972), 25:188.
3 O Desejado de Todas as Nações, p. 660.
4 Nossa Alta Vocação, p. 118.
5 Handbook of Seventh-day Adventist
Theology, electronic ed., Logos Library System; Commentary Reference Series
(Hagerstown, Md.: Review and Herald Publishing Association, 2001, © 2000), p.
186.