Ainda está em nossa mente aquela tragédia da Boate Kiss, em Santa
Maria-RS, em que foram ceifadas prematuramente dezenas de vidas – a maioria de
jovens. Como acontece sempre nestas ocasiões, as pessoas mostram-se pródigas em
críticas à religião e, acima de tudo, em blasfêmias e leviandades contra “o
deus (é assim mesmo que eles escrevem...) dos cristãos”.
Seria até engraçado – se não fosse estúpido, ilógico, trágico, cruel e
desumano – ler as pesadas críticas que os “ateus” (sim, até eles...) fazem a
Deus. A parte hilária da questão é a seguinte: Se Deus não existe, como, então,
estes indivíduos (que crêem que Deus não existe) atribuem a Ele a morte de
tantos jovens – pessoas, como se diz: “Na flor da idade”?
Abrindo um parêntesis, isso me faz lembrar, e parodiar, um dos famosos
bordões do genial Chico Anízio, do personagem Bento Carneiro em tom de deboche:
“Ateu brasileiro!”
Voltando ao sério (e a questão é séria e solene), embora isso não seja
comum em todos aqueles que se dizem “ateus” (como afirmou o pensador Luis
Buñuel: “Sou ateu graças a Deus!”) e nem tampouco uma característica peculiar
aos “ateus” brasileiros, é bastante incômodo para nós, cristãos, ver o nome de
Deus ser achincalhado assim – de forma injusta, cruel e insana!
Como afirma o teólogo e escritor Dr. Russel P. Shedd: “O ateísmo
sempre me pareceu uma postura sumamente arrogante, uma escolha interesseira
para escapar às responsabilidades devidas ao Criador e as suas criaturas”. Não
é à toa que o escritor italiano Giovani Papine dizia: “O primeiro ateu deve ter
sido um delinqüente que procurava, negando a Deus, livrar-se da única
testemunha da qual ele não podia ocultar seu crime”.
Em seu livro A Existência de Deus e dos Ateus, o Pastor Laércio
Pereira questiona a fragilidade da argumentação ateísta: “Ora, o que diriam de
mim se eu saísse falando para um astrônomo que não existe céu, ou para um
marinheiro que não existe mar, ou ainda para um engenheiro que não existe
projeto? Diriam que eu estou louco. Assim eu vejo o ateu: um louco dizendo que
inexiste e que, a existência, seria aberrantemente impossível. Quando o ateu
declara a morte de Deus, quem deixa de existir é ele mesmo. É ele quem desce ao
hades, é ele quem fede, é ele quem vive feito uma caveira sem o corpo da lógica
para expressar-se nesse mundo lógico”. – A Existência de Deus e dos Ateus, pág.
16.
Como lembra o escritor Jefferson Magno Costa, é interessante que o
próprio escritor Comunista francês Anatole France, após concluir ser absurdo
tentar explicar a existência do mundo como produto do acaso, comentou certa
vez: “Acaso é, talvez, o pseudônimo de Deus quando não desejava assinar o
nome”. – Jefferson Magno Costa, Provas da Existência de Deus, pág. 57.
Voltando ao cerne da questão – a existência e o caráter de Deus face
ao sofrimento humano – o que pudemos ver nos comentários insanos sobre a
tragédia de Santa Maria (vejam o artigo do colunista Roberto Passos sobre este
assunto) é que, muitas vezes, nem os próprios cristãos – evangélicos ou
católicos – escapam, nestas ocasiões, de formular conceitos e frases que só
obscurecem e denigrem ainda mais o caráter divino – como Deus é.
Em seu livro, Magno Costa mostra como isso é possível. O escritor Jean
Claude Barreau conta uma experiência vivida por ele no período em que negar a
existência de Deus era moda na França, em decorrência da filosofia
existencialista: “Naquela época estavam representando no teatro a peça ‘O Diabo
e Bom Deus’, de Jean Paul Sartre, peça que causava horror aos meus companheiros
de fé. Fui assisti-la e ela nem me atingiu. Era Baal, era Moloc que Sartre
denunciava. Não era meu Deus. Eu abominava o deus de Goetz (um dos personagens
da peça) tanto quanto Sartre.”
E é Jean Claude que nos fornece a frase ideal para ser usada como
resposta a esses ateus equivocados: “Isto que você recusa eu também não aceito,
porque nada tem a ver com o Deus dos Evangelhos”. “Um dia o semblante do Deus
dos Evangelhos me fascinou. E este semblante que vi é bem distinto das idéias
de Deus que muitas pessoas têm em mente. Este retrato de Deus vai muito das
definições dogmáticas”. – Jefferson Magno Costa, Provas da Existência de Deus,
pág. 56.
Como é Deus?
Como disse antes, face ao sofrimento humano e às crises e incertezas
da vida a idéia que muitos cristãos têm de Deus não é em nada superior àquela
deturpada e errônea de um Deus hostil, sanguinário, indiferente e insensível
apregoado pelos ímpios e agnósticos!
Um dos maiores nomes do Rock nos anos 70 e 80, o cantor Alice Cooper
deu uma entrevista a uma revista dizendo que se converteu ao cristianismo.
Cooper disse que se tornou um cristão “inicialmente mais por medo de Deus do
que por amor a Ele”. “Eu não queria ir para o inferno”, afirma o cantor.
Faz alguns anos, a Dra. Marilda Lippy fez uma pesquisa com crianças e
descobriu que um percentual altíssimo delas tinha medo de Deus. Não tenho
dúvidas em afirmar, hoje, que se essa pesquisa fosse feita entre os adultos,
mesmo entre cristãos, os números daqueles que têm medo de Deus seriam bem
grandes.
A Bíblia afirmou dezenas de séculos antes das descobertas da moderna
psicologia, como as nossas crenças moldam a nossa mente e determinam a nossa
vida: “Porque, como imagina em sua alma, assim ele é” (Provérbios 23:7).
Uma vez que a idéia que temos de Deus é que molda e determina o tipo
de religião que adotamos e o tipo de cristãos que somos, é importante cada um
de nós fazer para si mesmo esta pergunta: Qual a idéia que tenho de Deus em
minha mente? Em outras palavras, qual o tamanho e o caráter do Deus em quem eu
creio?
Infelizmente, a idéia de Deus que prevalece mesmo entre muitos
cristãos é a de um ser arbitrário, juiz vingativo e cruel, alguém de
sentimentos volúveis e instáveis – que fica irado por qualquer coisa e despeja
raios e maldições sobre as Suas criaturas.
Como sabemos, toda esta ignorância acerca de Deus, as idéias erradas
que circulam por aí maculando o Seu caráter, vem do grande inimigo de Deus:
Satanás. Ele odeia Deus, Pai, e todo o Plano da Salvação! Ele odeia Deus,
Espírito Santo, o Consolador, Amigo, Aquele que nos dá poder para vencer todas
as provas e artimanhas de Satanás; Aquele que nos habilita a pregar o Evangelho
com poder!
Ele odeia Jesus, Deus Filho, que o derrotou no deserto e venceu todas
as suas tentações, esmagou a cabeça da serpente na cruz (Gênesis 3:15),
derrotando-o completamente; venceu a morte, subiu ao Céu e está à direita do
Pai intercedendo por nós!
Como ele não pode fazer NADA contra a Trindade Divina [Deus Pai, Deus
Filho e Deus Espírito Santo], tenta se vingar levando à destruição as Suas
criaturas, os filhos de Deus. Com esse intento, usa as suas melhores
estratégias; a principal delas é a mentira. No entanto, Jesus já o desmascarou,
dizendo: “Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade,
porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é
próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (João 8:44).
A mentira principal de Satanás é sobre o caráter de Deus [como Deus
é]. Ele procura difamar, destruir a reputação do Pai diante dos filhos. Desta
forma, ele quer nos manter o mais distante possível de Deus – mesmo que
estejamos seguindo uma religião e dentro de uma Igreja cristã; no entanto,
alienados do caráter divino: fora de um relacionamento de amor com Deus.
Comentando esta grande estratégia de Satanás, o escritor Dick Win
afirma: “Nossa alienação de Deus está nos causando incalculável sofrimento.
Estamos sedentos, Ele é a Água da vida. Estamos famintos, Ele é o Pão. Estamos
enfermos, Ele é o Grande Médico. Entretanto, um mentiroso muito convincente,
Satanás, nos tem levado a desconfiar do nosso maravilhoso Deus, fazendo
afirmações sobre Ele que são muito ilusórias e completamente equivocadas. Ele
diz que quando pecamos Deus fica irado. Que se não nos corrigirmos, Deus nos
eliminará. (E também virará as costas!) para nós”.
A Bíblia nos adverte a ficarmos alerta contra estas estratégias
satânicas: “Para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos
os desígnios” (II Cor. 2:11). O Dr. David Seamands, um famoso psicólogo e
escritor, qualifica esse conjunto de enganos satânicos como “A Mais Mortífera
Arma de Satanás” e afirma:
“Algumas das armas mais fortes do arsenal de Satanás são de natureza psicológica.
O medo é uma delas. A dúvida é outra. Outras são raiva, hostilidade,
preocupação e, naturalmente, o senso de culpa. O constante sentimento de culpa
é muito difícil de ser removido; ele parece permanente em nós mesmo depois que
nos convertemos e suplicamos o perdão de Deus e aceitamos Sua graça.
“Muitos cristãos parecem ter um sentimento de autocondenação suspenso
sobre a cabeça, como uma densa névoa de poluição. Assim estão sendo derrotados
pela mais poderosa arma psicológica que Satanás usa contra os cristãos. Essa
arma tem a eficácia de um míssil mortal. O nome dela? Auto-imagem negativa”.
Neste caso, uma coisa alimenta a outra: O medo de Deus pode levar ao
desenvolvimento de uma auto-imagem negativa [como digo em palestras, “O
indivíduo acha que vale menos do que o pó do micróbio da pata do cavalo do
bandido!”]; uma auto-imagem negativa estará sempre alimentando uma idéia
negativa – medo – de Deus.
O Medo de Deus revela uma espiritualidade doentia [uma religião de
dúvidas acerca do perdão de Deus e constante fraqueza: É como se fosse um tipo
de anemia espiritual] e isso provoca em nós uma séria de prejuízos espirituais.
Alguns dos Prejuízos Causados Pelo Medo de Deus:
a) Religião da fuga: “E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou:
Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a Tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive
medo, e me escondi” (Gênesis 3:9-10).
O indivíduo está sempre se escondendo de Deus; e isso pode acontecer
através de coisas negativas (pecados), como, também, pode ser através de muitas
coisas em si mesmas boas: Muito trabalho e correria; até mesmo muitas
atividades na Igreja. Às vezes, trabalha-se tanto na Igreja de Deus que não se
tem tempo para o Deus da Igreja. Em outras palavras, a pessoa se contenta com
uma dose de religião suficiente para manter Deus afastado dela.
b) Religião meramente de leis e regulamentos: É muita regra e pouca ou
nenhuma comunhão! É como vivia o irmão do filho pródigo: “Há tantos anos que te
sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para
alegrar-me com os meus amigos” (Lucas 15:29). Um infeliz, sofredor! Era filho,
mas vivia e trabalhava como se fosse um mero empregado! É aquele crente
lazarento (católico, batista, assembleiano, presbiteriano, adventista, etc.)
que foi tirado do “Egito” (cativeiro do Pecado), mas que ainda não entrou em
“Canaã”; portanto, continua ainda vivendo na aridez espiritual do “Deserto”.
Vive uma vida sofrida, miserável, de penúria e sequidão espiritual quando
poderia estar desfrutando da abundância e riqueza que há em Canaã – símbolos da
plenitude em Cristo (Colossenses 1:17 e 2:2-3).
c) Conhecimento superficial de Deus: “Eu Te conhecia só de ouvir, mas
agora os meus olhos Te vêem” (Jó 42:5). É a religião de superfície: o indivíduo
se contenta em apenas vir aos cultos aos sábados e ter o nome num livro de
Igreja. Não possui vida devocional nenhuma, não tem comunhão diária com Deus.
d) Religião de exageros, tristeza e sequidão: “Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito;
e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!”
(Mateus 23:15). É o outro extremo: São pessoas que estão sempre inquietas e
buscando grandes “revelações”...
Essas pessoas muitas vezes, escolhem uma ou outra área da vida cristã
e passam a ser extremamente severas em cobrar dos outros, enquanto são frouxas
e transgressoras em várias outras questões tão ou mais importantes...
e) Religião que mina o potencial humano e paralisa o indivíduo:
“Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és
homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste,
receoso [com medo], escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu”
(Mateus 25:24-25).
A nossa cura espiritual completa e o desejo intenso, vibrante e
natural de falar de Jesus só acontece quando nós temos uma compreensão clara do
amor de Deus – quando nós nos sentimos totalmente aceitos, perdoados e amados
na Pessoa de Jesus: “Restitui-me a alegria da Tua salvação e sustenta-me com um
espírito voluntário. Então [conseqüência natural, resultado imediato:],
ensinarei aos transgressores os Teus caminhos, e os pecadores se converterão a
Ti” (Salmo 51:12-13).
João Bunyan, autor de “O Peregrino”, o livro mais vendido no mundo
depois da Bíblia, experimentou toda a paralisia causada pelo pecado e senso de
culpa. Acontece que, quando ele abriu a Bíblia em Cantares e viu ali manifesto
o amor de Jesus por ele e por sua alma atribulada, houve uma explosão de
alegria tão grande e o desejo de pregar o Evangelho era tão forte que ele
queria falar do amor de Deus até para os corvos que pousavam nas plantações
diante dos seus olhos!
O Deus Que Eu Conheço
Amigos, falo por experiência própria: Quem algum dia teve um encontro
com “o Deus dos Evangelhos”, quem contemplou a sua face de amor repleta de
perdão mesmo face à rebeldia humana, desprezo e traição (Mateus 26:75; Lucas
22:54-62), com certeza jamais o esquecerá!
É o que nos mostra o escritor Joseph M. Stowell em seu
pequeno/grandioso livro intitulado SIMPLESMENTE JESUS. Nos anos 1950 e 1960,
não havia praticamente nenhum lar evangélico que não estivesse familiarizado
com o nome de Templeton. Ele pastoreava uma das principais igrejas de Toronto e
– juntamente com seu amigo Billy Graham – fora um dos fundadores da missão
Mocidade Para Cristo, no Canadá. A habilidade extraordinária com que ele
comunicava a Palavra de Deus resultava em numerosos convites de diferentes
púlpitos da América do Norte.
“Todavia, não me lembro dele por causa de seu talento incomum, e sim
por sua renúncia à fé”, afirma Stowell. A igreja evangélica ficou profundamente
abalada com a notícia de que Charles Templeton havia deixado sua igreja e
renunciado a tudo o que antes havia abraçado e proclamado.
O ex-pregador havia conquistado fama e fortuna. Comandava dois dos
jornais mais importantes do Canadá e galgava postos cada vez mais influentes na
mídia canadense, tendo inclusive se candidatado ao cargo de primeiro-ministro
do Canadá.
Joseph Stowell conta que o jornalista e escritor Lee Strobel, depois
de ler o livro mais recente de Templeton (Despedindo-me de Deus: Minhas razões
para rejeitar a fé cristã), foi até a cidade de Toronto, no Canadá, para
encontrar-se com Templeton e o entrevistá-lo.
Embora estivesse com 83 anos e com a saúde precária, o ex-pregador
defendeu com veemência seu agnosticismo em face de um Deus que se dizia amoroso
e que, no entanto, permitia que o sofrimento se alastrasse impune pelo mundo.
Já quase no final da entrevista, Strobel perguntou a Templeton, de
modo muito objetivo, o que ele achava de Jesus. No mesmo instante, aquele homem
idoso comoveu-se. Ele falou de Jesus com muita reverência. Disse que em sua
opinião, “Ele (Jesus) foi o ser humano mais importante que já existiu”.
Depois, como começasse a lhe faltar a voz, disse hesitante:
- Sinto... falta... dele!”
“Com isso”, escreve Strobel, “seus olhos se encheram de lágrimas e ele
chorou convulsivamente”. – SIMPLESMENTE JESUS, pp. 17-18.
Pouco antes de relatar esta entrevista em seu livro, o escritor Joseph
Stowell fala de outra entrevista que ele mesmo fez com Billy Graham:
O jantar já chegara praticamente ao fim, quando decidi fazer a Billy
Graham uma pergunta que guardara comigo durante toda aquela noite. [...]
Querendo saber quais tinham sido as maiores alegrias de sua vida,
perguntei-lhe:
- De todas as suas experiências no ministério, qual delas lhe deu
maior satisfação?
Depois, achando que devia ajudá-lo um pouco, emendei prontamente:
- Teriam sido aqueles momentos em que o Senhor passou na companhia de
presidentes e de chefes de Estado? Ou será que...
Antes que eu dissesse a frase seguinte, Billy passou a mão pela toalha
da mesa, como se, com aquele movimento, estivesse lançando ao chão a sugestão que
eu acabara de propor.
- Nada disso –, disse ele. – A maior alegria da minha vida é a
comunhão que sempre tive com Jesus. Ouvi-lo falar comigo, ser guiado por Ele,
sentir em mim a sua presença e seu poder através de mim. Esse foi sempre o
maior prazer da minha vida! – Idem, pp. 15-16.
Comparando as duas entrevistas, Joseph Stowell afirma: “Pense nisso.
Billy Graham e Chuck (Charles) Templeton, dois amigos que optaram por caminhos
de vida radicalmente opostos. Agora, ao aproximar-se o fim de seus dias, um
deles declara que Jesus foi o bem mais preciso que jamais teve, ao passo que o
outro chora por tê-lo abandonado anos atrás”.
O que pensais de Jesus?
Segundo as palavras de Paulo, existe algo natural e inapelável que
acontece na vida de todos aqueles que verdadeiramente conhecem a Jesus: Depois
de Conhecer a Jesus Tudo o Mais Perde a Importância, passa a ser secundário –
periférico, quando não completamente insignificante!
Descrevendo sua própria experiência, Paulo afirma: “Bem que eu poderia
confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu
ainda mais: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de
Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor
da Igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que, para mim,
era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero
tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu
Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para
ganhar a Cristo [...]” (Filipenses 3:4-8).
Tal qual o negociante de pérolas, da parábola contada por Jesus em
Mateus 13:45-46, Paulo, ao encontrar-se com Jesus, abre mão de tudo aquilo que
antes ele julgava importante e que, no entanto, poderia impedi-lo de ganhar a
Cristo, desfrutar a salvação.
Vejam com que paixão ele escreve! É como se ele estivesse dizendo,
hoje, para mim e para você: “Reúna todos os seus títulos acadêmicos e honras
sociais; pegue todos seus passatempos que matam a vida espiritual (TV,
Internet, Jogos de Computador, Videogames, Novelas); junte todos os hábitos
nocivos (vício pelo futebol, bebidas, cigarro, filmes e avareza: Apego doentio
ao dinheiro) e jogue tudo fora; jogue no lixo! Porque eles nada significam,
comparados com a excelência de Jesus e com a possibilidade de conhecê-lO cada
dia mais!”
Estes dias, durante o maior evento de inovação tecnológica, Internet e
entretenimento eletrônico em rede do mundo, Buzz Aldrin, companheiro de
Armstrong e Michael Collins na missão Apollo 11, de 1969, e o segundo homem a
pisar no satélite natural da Terra, afirmou o seguinte: “O mais difícil depois
de chegar à Lua era voltar para a Terra. Eu tinha alcançado o pico da minha
carreira”. [G1 29/01/2013]
A escritora Ellen White, depois de ser levada em visão à contemplação
das maravilhas do Céu, escreveu algo parecido: “[...] Algumas vezes penso que
não mais posso permanecer aqui; todas as coisas da Terra parecem demasiado
áridas. Sinto-me muito solitária aqui, pois vi uma terra melhor. [...] Depois
que voltei da visão, todas as coisas pareciam mudadas; uma tristeza se
espalhava sobre tudo que eu contemplava. Oh! Quão escuro pareceu-me este mundo!
Chorei quando me encontrei aqui, e senti saudades. Eu tinha visto um mundo
melhor, e o atual perdeu o seu valor”. – Primeiros Escritos, pág. 20.
Procuramos satisfazer o nosso anseio de algo melhor, buscando algo
diferente e, por ironia, acabamos sempre conseguindo apenas um pouco mais do
“mesmo”; ou, como se diz: “Trocando seis por meia dúzia!”. Você pode ver isso
na história da mulher samaritana. Ela procurou satisfazer o seu anseio nas
múltiplas relações humanas (é o que milhões de pessoas fazem hoje nas redes
sociais). Mas, apesar de suas diferentes tentativas de obter realização
pessoal, ser feliz, o seu desejo jamais foi satisfeito!
Jesus disse para ela: "Quem beber desta água tornará a ter sede;
aquele, porém, que beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede [...]
(João 4:13-14).
Aquela mulher desiludida e derrotada pelo pecado serviu de símbolo
para a raça humana inteira. Ela é uma representação – um símbolo vivo das
nossas lutas, frustrações, debilidades e fracassos. Como afirmou Billy Graham,
“Os anseios dela são os nossos anseios! O fracasso dela é o nosso fracasso! O
grito do coração dela é o grito do nosso coração! A desilusão dela é a nossa
desilusão! O pecado dela é o nosso pecado! Mas, a maravilha das maravilhas é
que o Salvador dela pode ser, também, o nosso Salvador! O perdão que ela
recebeu pode ser o nosso perdão! E a alegria que ela encontrou em Jesus pode
ser a nossa alegria!”
É Jesus mesmo quem assegura: “Aquele que beber da água que Eu lhe der
nunca terá sede; pelo contrário, a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte
de água que jorre para a vida eterna” (João 4:14). Pense nisso! “O Espírito e a
noiva (Igreja) dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede
venha, e quem quiser receba de graça a Água da Vida” (Apocalipse 22:17).
- Elizeu C. Lira, jornalista, pastor, escritor e mestrando em Comunicação
Social – um dos criadores do portal IASD Em Foco.