Além de não proibir um cristão de ser policial, a Bíblia exalta essa
profissão que é extremamente importante no contexto de pecado (1Jo 5:19) em que
vivemos.
A aprovação de Deus podemos encontrar, por exemplo, em Lucas 3:14,
onde o profeta João Batista aconselhou da seguinte maneira os soldados romanos
que ouviram sua pregação:
“Então alguns soldados lhe perguntaram: ‘E nós, o que devemos fazer?’
Ele respondeu: “Não pratiquem extorsão nem acusem ninguém falsamente;
contentem-se com o seu salário”.
João Batista era um pregador que não temia “chamar o pecado pelo
nome”, tanto que foi morto por isso (ver Mt 14:1-12; Mc 6:14-29; Lc 3:19, 20;
9:7-9). Entretanto, quando interrogado pelos soldados quanto ao que deveriam
fazer para terem o favor e a aprovação de Deus, o profeta inspirado não os
aconselhou a abandonarem a profissão deles.
Ao invés disso, os orientou a serem honestos no trabalho, sem
extorquir os outros e a tratá-los com respeito e dignidade.
O valor a profissão de policial (entre outras funções que trabalham
pela ordem e segurança da sociedade) é apresentada em Romanos 13:4, que diz ser
a autoridade “serva de Deus” (Nova Versão Internacional) para o bem dos
cidadãos que vivem como verdadeiros cidadãos.
Ao mesmo tempo, a Bíblia diz que, além de serva do Criador, a
autoridade é “agente da justiça para punir quem pratica o mal” (Rm 13:4, última
parte).
O POLICIAL E A ADORAÇÃO
Alguns cristãos que observam o sábado como dia de repouso pensam ser
inviável conciliar a adoração a Deus no sétimo dia, como orienta o 4º
mandamento do Decálogo (Êx 20:8-11), com a responsabilidade de um policial em
cumprir com uma escala que o coloque em serviço no “dia do Senhor” (Is 58:13,
14; Mt 12:8; Mc 2:27, 28).
Porém, essa é uma questão pessoal. Isso é evidente no fato de que há
pessoas que conseguem conciliar as duas coisas, enquanto que outras, não.
Obviamente, se for para não adorar a Deus no Seu santo dia, é melhor
deixar de lado a profissão. Porém, para aqueles que conseguem ser adoradores e,
ao mesmo tempo, servir a sociedade na luta contra o crime, poderão
perfeitamente representar a Deus como Seus servos na punição dos criminosos que
não se arrependeram dos seus pecados.
Em situações emergenciais (pois o pecado “não avisa” quando chegará
com seus efeitos), o profeta Neemias contou com o serviço de guardas para que
um mandamento de Deus não fosse desprezado pelo povo rebelde, que queria comercializar
no dia de sábado:
“Quando as sombras da tarde cobriram as portas de Jerusalém na véspera
do sábado, ordenei que fossem fechadas e só fossem abertas depois que o sábado
tivesse terminado. Coloquei alguns de meus homens de confiança junto às portas,
para que nenhum carregamento pudesse ser introduzido no dia de sábado” (Nee
13:19. Ver também Nee 13:15-22).
Perceba que esses “policiais” nos dias de Neemias não deixaram de ser
adoradores do Deus de Israel, e conseguiram cumprir com suas obrigações para garantir
o bem-estar da sociedade da época.
Isso nos leva a concluir que um policial que observa do sábado pode
encontrar o ponto de equilíbrio. Enquanto que não negligenciará sua adoração e
comunhão com o Criador (ver Hb 10:25), o soldado estará à disposição da
sociedade, desde que isso não seja uma “desculpa” para negligenciar a própria
vida espiritual, que sempre deverá estar em primeiro lugar (Mt 6:33).
CONCLUSÃO
A Bíblia não poderia proibir uma profissão tão importante. A
autoridade é vista como “serva de Deus” (Rm 13:4) e o profeta João Batista,
sobre inspiração, não foi contra o trabalho policial. Ao contrário, aconselhou
aos soldados que exercessem suas funções com honestidade diante de Deus e dos
cidadãos.
Vemos na Bíblia que, em situações emergenciais, em que a ordem de uma
sociedade teocrática estava em jogo (ver Neemias 13:19), o profeta Neemias
contou com o serviço de vigilância para impedir que no dia de sábado a cidade
de Jerusalém participasse de uma atividade indevida para o dia santificado (comércio).
Todavia, se um cristão julgar que não poderá ser um adorador constante
devido ao revezamento que ocorre na escala, será melhor não comprometer sua
espiritualidade.
Há policiais que conseguem ser bem atuantes em sua esfera e, ao mesmo
tempo, adorar a Deus na igreja, durante os cultos, especialmente no sábado. Por
isso, é importante que, além de ler essa resposta, o cristão converse com
outros crentes que tiveram êxito em seguir sua carreira militar e que se
mantiveram fieis na obediência ao quarto
mandamento.
A experiência vivida por outras pessoas consagradas é uma das melhores
escolas para aqueles que são menos experientes. Além disso, o reconhecimento
das próprias limitações emocionais é fundamental no momento de avaliar os
“prós” e os “contras” na escolha da referida profissão. Assim como em qualquer
outra área da vida, ser policial é um “dom”, e nem todos terão estrutura
psíquica e habilidade para isso.
Independente da escolha que fizer, saiba que Deus irá lhe abençoar e
tornar-lhe uma pessoa bem-sucedida e realizada naquilo que fizer, se decidir
todos os dias ser fiel e obediente a Ele em todas as circunstâncias, bem como
representa-Lo dignamente onde quer que esteja (cf. Mt 5:13, 14).
“Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um
homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva,
transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não
caiu, porque tinha seus alicerces na rocha. Mas quem ouve estas minhas palavras
e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia.
Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela
casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda” (Mt 7:24-27).
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