A vida é como uma neblina! |
A morte prematura de Eduardo Campos, candidato à presidência do País,
claro, enseja a reflexão sobre a ética da existência. Inevitável, à luz da
Bíblia, referir o texto de Tiago 4:13-15: “Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje
ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e
teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois,
apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso,
devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isso
ou aquilo”.
O que o texto, a meu juízo, enseja, é o dever humano de considerar
planos, projetos, agendas e sonhos à luz da brevidade de uma existência
limitada pela chaga do pecado. Sem essa compreensão, fica capenga qualquer análise
de direito à vida, sonhos, planos e projetos… A ética da vida inclui a morte
desde que o livre-arbítrio concedeu ao homem o direito de desviar-se do plano
original de Deus. E Deus, como só Ele, cavalheiro e respeitador, não força
ninguém a considerá-lo companheiro, ajudador e parceiro na vida… É por isso
que, no máximo, podemos atribuir-Lhe o ônus da permissão, jamais o de causador
da morte como um deus arbitrário que julga adequado ceifar este ou aquele em
tempo ou fora de tempo e sem levar em conta seus planos, sonhos, projetos ou
agendas… E, ademais, Ele mesmo sujeitou o fim desse drama existencial à sua
morte! Na cruz, morrendo, Cristo venceu a morte! Em tempo: essa é uma
promissória! Cumpre-nos resgatá-la no fim, sob pena de perdermos o lugar na
vida eterna, aquela que começa com o seu retorno por aqui…
Campos morreu… E o que dirão os seus? Ficarão resignados diante da
impotência face à morte? Culparão a Deus por permitir a morte dizendo, como é
costume de alguns: “Deus quis!” Eu preferi, não por escape ou inapetência
lógico-racional, resignar-me ao meu limite existencial. E, com isso, entender
que o que foge à minha compreensão tem e terá em Deus uma explicação. Como
jornalista, confio na possibilidade real de ter um tempo irrestrito com Deus para
uma “exclusiva” com Ele. Nela, vou perguntar tudo o que me inquieta por aqui…
Mas, para perguntar, preciso crer que a morte, ainda que trágica, não me separa
do plano original de Deus, se com Ele estiver conectado, praticando Sua
Palavra… Para esses, a morte não é fim!
Por fim, creio que o sonho da sociedade igualitária não vingará por
essas bandas sem que o pecado seja erradicado por Jesus, em sua breve vinda a
essa Terra. O que, assim como Campos, não me exime da responsabilidade de, como
diz a Bíblia, fazer tudo que me vier às mãos conforme minhas forças. Por que
não foi permitido a Eduardo Campos seguir nesse sonho? Sincera e honestamente:
não sei… E capitulo consciente, resignada e humildemente porque sou criatura,
não Criador… O que sei é que, minha agenda social e cívica, importante e
integrante de minha existência, nunca será maior do que minha agenda eterna
porque aspiro ser cidadão da pátria celestial! Sonho com o dia em que Deus
mesmo estará conosco, enxugando de nossos olhos toda a lágrima, e a morte já
não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras
coisas passaram…
Carlos Henrique Nunes. Formado em Teologia, pastor distrital na ASR.
Jornalista profissional, formado pela Unisinos, há 19 anos. Repórter nos
jornais Diário Gaúcho e Zero Hora. Professor Universitário no curso de
Jornalismo do Unasp-EC.
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