A compreensão correta do ministério do santuário
celestial constitui o alicerce de nossa fé. — Evangelismo, 21. O santuário
terrestre fora construído por Moisés, conforme o modelo a ele mostrado no
monte. Era uma figura para o tempo então presente, no qual se ofereciam tanto
dons como sacrifícios; seus dois lugares santos eram “figuras das coisas que
estão no Céu” (Hebreus 9:9, 23); Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, é
“ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e
não o homem”. Hebreus 8:2. Sendo em visão concedida a João uma vista do templo
de Deus no Céu, contemplou ele ali “sete lâmpadas de fogo” (Apocalipse 4:5) que
ardiam diante do trono. [...]
Permitiu-se ao profeta ver o primeiro compartimento
do santuário celestial; e viu ali as “sete lâmpadas de fogo” e o “altar de
ouro” representados pelo castiçal de ouro e o altar de incenso no santuário
terrestre. Novamente, “abriu-se no Céu o templo de Deus” (Apocalipse 11:19), e
ele olhou para dentro do véu interno, no santo dos santos. Ali viu a “arca do
Seu concerto”, representada pelo escrínio sagrado construído por Moisés a fim
de conter a lei de Deus. [...]
João diz que viu o santuário no Céu. Aquele
santuário em que Jesus ministra em nosso favor, é o grande original, de que o
santuário construído por Moisés era uma cópia.
Do templo celestial, morada do Rei dos reis, onde
milhares de milhares O servem, e milhões de milhões estão diante dEle (Daniel
7:10), templo repleto da glória do trono eterno, onde serafins, seus guardas
resplandecentes, velam o rosto em adoração; sim, desse templo, nenhuma
estrutura terrestre poderia representar a vastidão e glória. Todavia,
importantes verdades relativas ao santuário celestial e à grande obra ali
prosseguida em prol da redenção do homem, deveriam ser ensinadas pelo santuário
terrestre e seu cerimonial.
Depois de Sua ascensão, nosso Salvador iniciaria
Sua obra como nosso Sumo Sacerdote. Diz Paulo: “Cristo não entrou num santuário
feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para agora comparecer
por nós perante a face de Deus”. Hebreus 9:24. Assim como o ministério de
Cristo devia consistir em duas grandes divisões, ocupando cada uma delas um
período de tempo e tendo um lugar distinto no santuário celeste,
semelhantemente o ministério típico consistia em duas divisões — o serviço
diário e o anual — e a cada um deles era dedicado um compartimento do
tabernáculo.
Assim como Cristo, por ocasião de Sua ascensão,
compareceu à presença de Deus, a fim de pleitear com Seu sangue em favor dos
crentes arrependidos, assim o sacerdote, no ministério diário, aspergia o
sangue do sacrifício no lugar santo em favor do pecador.
O sangue de Cristo, ao mesmo tempo que livraria da
condenação da lei o pecador arrependido, não cancelaria o pecado; este ficaria
registrado no santuário até à expiação final; assim, no cerimonial típico, o
sangue da oferta pelo pecado removia do penitente o pecado, mas este permanecia
no santuário até ao dia da expiação.
No grande dia da paga final, os mortos devem ser
“julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras”.
Apocalipse 20:12. Então, pela virtude do sangue expiatório de Cristo, os
pecados de todo o verdadeiro arrependido serão eliminados dos livros do Céu.
Assim o santuário estará livre ou purificado, do registro de pecado. No tipo,
esta grande obra de expiação, ou cancelamento de pecados, era representada
pelas cerimônias do dia da expiação, a saber, pela purificação do santuário
terrestre, a qual se realizava pela remoção dos pecados com que ele ficara
contaminado, remoção efetuada pela virtude do sangue da oferta para o pecado. —
Patriarcas e Profetas, 356-358.
Satanás concebe inumeráveis planos para nos ocupar
a mente, para que ela se não detenha no próprio trabalho com que deveremos
estar mais bem familiarizados. O arquienganador odeia as grandes verdades que
apresentam um sacrifício expiatório e um todo-poderoso Mediador. Sabe que para
ele tudo depende de desviar a mente, de Jesus e de Sua verdade. [...]
Mas Jesus apresenta em seu favor Suas mãos feridas,
Seu corpo moído; e declara a todos os que desejam segui-Lo: “A Minha graça te
basta”. 2 Coríntios 12:9. “Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que
sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Por que o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve”. Mateus 11:29, 30. Ninguém,
pois, considere incuráveis os seus defeitos. Deus dará fé e graça para
vencê-los.
Vivemos hoje no grande dia da expiação. No
cerimonial típico, enquanto o sumo sacerdote fazia expiação por Israel,
exigia-se de todos que afligissem a alma pelo arrependimento do pecado e pela
humilhação, perante o Senhor, para que não acontecesse serem extirpados dentre
o povo. De igual modo todos quantos desejem seja seu nome conservado no livro
da vida, devem, agora, nos poucos dias de graça que restam, afligir a alma
diante de Deus, em tristeza pelo pecado e em arrependimento verdadeiro. Deve
haver um exame de coração, profundo e fiel. O espírito leviano e frívolo,
alimentado por tantos cristãos professos, deve ser deixado. Há uma luta intensa
diante de todos os que desejam subjugar as más tendências que insistem no predomínio.
A obra de preparação é uma obra individual. Não somos salvos em grupos. A
pureza e devoção de um, não suprirá a falta dessas qualidades em outro. Embora
todas as nações devam passar em juízo perante Deus, examinará Ele o caso de
cada indivíduo, com um exame tão íntimo e penetrante como se não houvesse outro
ser na Terra. Cada um deve ser provado, e achado sem mancha ou ruga, ou coisa
semelhante.
Solenes são as cenas ligadas à obra final da
expiação. Momentosos, os interesses nela envolvidos. O juízo ora se realiza no
santuário celestial. Há muitos anos esta obra está em andamento. Breve, ninguém
sabe quão breve, passará ela aos casos dos vivos. Na augusta presença de Deus
nossa vida deve passar por exame. Atualmente, mais do que em qualquer outro tempo,
importa a toda alma atender à admoestação do Salvador: “Vigiai e orai; porque
não sabeis quando chegará o tempo”. Marcos 13:33. “Se não vigiares, virei a ti
como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei”. Apocalipse 3:3.
Quando se encerrar a obra do juízo de investigação,
o destino de todos terá sido decidido, ou para a vida, ou para a morte. O tempo
da graça finaliza pouco antes do aparecimento do Senhor nas nuvens do céu.
Cristo, no Apocalipse, prevendo aquele tempo, declara: “Quem é injusto, faça
injustiça ainda; quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça
ainda; e quem é santo seja santificado ainda. E, eis que cedo venho, e o Meu
galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra”. Apocalipse 22:11,
12.
Os justos e os ímpios estarão ainda a viver sobre a
Terra em seu estado mortal: estarão os homens a plantar e a construir, comendo
e bebendo, todos inconscientes de que a decisão final, irrevogável, foi
pronunciada no santuário celestial. [...]
Silenciosamente, despercebida como o ladrão à
meia-noite, virá a hora decisiva que determina o destino de cada homem, sendo
retraída para sempre a oferta de misericórdia ao homem culpado. — O Grande
Conflito entre Cristo e Satanás, 488-491.
Ellen G. White, Conselhos para a Igreja, capítulo
64.